sexta-feira, 26 de março de 2010

Para que serve a liberdade?




Foto: Flavio Saturnino
Edição: Leo Saturnino


Em qualquer ramo profissional que trabalhemos é inevitável lidarmos, a todo o tempo, com exigências, seja de clientes, ou de nossos chefes. No Design não é diferente, aliás, as vezes penso que é no Design onde elas se concentram. Clientes, que também são nossos patrões, têm todas as exigências do mundo em mãos, esperando um resultado final que já está totalmente montado em sua cabeça, se seu cérebro tivesse impressora não precisariam de nós.

Esses dias conversando com Leonardo Zordan, um amigo de profissão, em uma comunidade sobre Photoshop, falávamos sobre a dificuldade de mostrar ao cliente que sua idéia pode não ser a melhor para o objetivo traçado.

Sabe... sempre que eu terminava de lanchar no McDonalds eu ficava pensando: "- Por que será que eles não usam esse pão do McFish em todos os hamburguers? É tão mais gostoso, é macio, fofinho...". E as vezes, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo, refletia sobre o porquê de ainda não existir um Yakult de dois litros! Não são poucas as vezes que esse tipo de egocentrismo opinatório toma conta de mim, e dura um certo tempo até que eu pare para analisar a probabilidade de que profissionais qualificados que dedicaram a vida a isso chegaram a conclusão de que o pão do McFish não fica bom com outra carne, e que não é uma boa idéia ingerir dois litros de leite fermentado com lactobacilos vivos.

Essa minha reflexão sobre a probabilidade de um profissional da área ser mais qualificado a opinar sobre o assunto do que eu, é o senso que tentamos passar para nossos clientes de vez em quando. E as vezes é bem difícil dizer isso sem que pareçamos muito arrogantes.

Clientes costumam ter boas idéias, imagens interessantes, boa criatividade. Mas a questão é analisar se essa criatividade é direcionada para o objetivo traçado. Vou bolar uma idéia agora: Um dragão marinho, dentro de um aquário, esquivando-se de um gato manco que tenta pegá-lo com a pata que lhe sobra, enquanto o Burro do Shrek o observa de soslaio.

É uma boa idéia? Bom, posso dizer com modéstia que fui criativo, mas vamos supor que eu tenha uma fábrica de sorvetes, será que essa imagem serve para representar minha marca? Bom posso procurar associações mirabolantes para explicar o porquê de um dragão marinho miniatura fugindo de um gato manco e um burro falante tenha a ver com sorvetes. Mas a questão é se uma pessoa comum, ao olhar para essa imagem, vai pensar em sorvete, em comer sorvete, comprar sorvete, ou ao menos entender a mensagem.

Idéias de clientes sempre nos inspiram, é por isso que eles devem sempre opinar, acompanhando o trabalho, pedindo modificações aqui e ali, mas é de suma importância nos dar liberdade para criar,

A imagem acima teve como conceito "surrealismo". Primeiramente pensei em reproduzir o efeito do filme "Matrix", mas quando girei a imagem noventa graus à esquerda, tive uma nova idéia. Repare que parece que estou caindo, mas os pés fixados na parede e a ausência de movimento no fundo dão a impressão de eu estar andando pelas paredes.



Tenho recebido muitos adds e muitos scraps pelo orkut, também alguns emails do pessoal pedindo dicas e comentando sobre o blog e as matérias postadas. Participe por aqui, deixe seu comentário, faça críticas, elogios, ou apenas um oi!

2 comentários:

  1. Léo,
    Gostei do seu tópico, mas não pude deixar de notar que as costas ficaram chapadas no "depois". Seria o caso de não deixá-las tão lineares, não tão retas. Faltou colocar uma sombra sua, no chão. Afinal, se há sombras em você, deveria haver uma sombra abaixo também.

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  2. cade vc sumiu,cade as videos aulas,estamos precisando de vc irmão...abraço wil de brasilia

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